segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Como se vai andando nas terras do Berlu

Cortar a fita a um blogue é comparável a escrever numa página em branco. Estou há dias a ganhar coragem, foi hoje. Faz uma semana que cheguei a Itália. Que me atirei dezenas de vezes para cima de uma mala de 30 quilos com esperança que minguasse, que fiz listas infindáveis de coisas imprescindíveis - que agora vejo ser supérfluas - que me enchi de expectativa, medo, alegria, medo, emoção. Que deixei a minha mãe lavada em lágrimas no Aeroporto da Portela. Que enchi o peito com o pouco ar que me restava para deixar escapar um até breve agridoce.

Mas isso foi há muito, muito tempo. Só passou uma semana mas parece que já lá vão meses. Já não digo Bounasera quando vou ao café a seguir ao almoço, não chamo lattuga (couve) à insalata (alface) e aprendi a distinguir quais são os espinafres entre as dezenas de legumes verdes à venda no supermercado. Dormi em hostels, limpei uma casa sebosa – com cerca de um centímetro de gordura - e transformei-a num ninho perfeito. Perdi essa mesma casa minutos antes de assinar o contrato de arrendamento e agora estou de novo na rua.

Fui a Roma ver o Panteão e o Museu de Arte do Século XXI, passei em Pisa e admirei a torre torta, entrei no Duomo de Firenze e olhei para a cúpula de Brunelleschi sem perceber muito da coisa.

Senti pela primeira vez o que era realmente a entropia. O que era estar a ser enganado, ter consciência disso, e não poder fazer nada porque não me entendiam, ou não queriam entender.

As peripécias são muitas, impossíveis de resumir num só texto. Espero conseguir contá-las aqui, uma a uma. É só a memória não me falhar.

3 comentários:

  1. Adoro o teu blogue!! Vou estar atenta às vossas aventuras em terras Italinas!! Um beijo grande cheio de saudades :)

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  2. Adorei, vamos todos poder te sentir mais pertinho sabendo das tuas peripécias e frenetiquices! Beijos

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