sábado, 5 de março de 2011

Berlusconi está em maus lençóis

Os italianos querem correr com o patrão da casa para onde vim morar. Não sei dizer se é algo novo, desconheço como era antes, mas sente-se nas ruas. Nas queixas das pessoas quando conversam junto aos quiosques, nos cartazes a apelar à participação dos cidadãos em conferências e debates sobre os problemas de Itália, na onda feminista que abala algumas livrarias e cafés.

A Via del Corso, em Roma, esteve hoje repleta de manifestantes que encenaram um cortejo carnavalesco, com máscaras de um Sílvio Berlusconi desfigurado, ao mesmo tempo que ofereciam flores vermelhas e postos políticos aos transeuntes. O carnaval aguçou ainda mais a sua veia crítica e nas cidades de Norte a Sul do país passeiam máscaras e carros alegóricos que denunciam os muitos podres do primeiro-ministro.

Em conversa com uma amiga, contei-lhe que em Portugal não percebíamos muito bem como Berlusconi ainda se mantinha no poder. “Nem nós”, respondeu-me enquanto encolheu os ombros. “Ainda somos muito retrógradas, machistas e ele tem um qualquer poder de sedução das massas difícil de explicar”.

A verdade é que, no geral, a maioria dos italianos também tem um “quê” de Berlusconi: bons comunicadores, magnéticos, persuasivos, mas também pouco transparentes, trapaceiros, caóticos. Sem vergonha de o ser, os próprios se reconhecem na descrição.

O primeiro-ministro começará a ser julgado no próximo dia 6 de Abril. Desta vez, promete não faltar às audiências como já fez antes. É acusado de corrupção, abuso de poder e envolvimento sexual com menores e prostitutas.

Pouca coisa, quando comparado com a sede de revolta e o rol de queixas que os italianos têm na ponta da língua. Esses sim deveriam estar a tirar-lhe o sono.




Fonte: Google Images

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