Sou pessoa habituada a atravessar o Tejo sempre que quero sair à noite, ir ao teatro, comprar um livro ou ver um filme mais alternativo. Por isso, quando cheguei a Florença uma coisa era certa: chegava de ser “suburbanóide” - como um dia me chamou uma colega de trabalho - , teria de viver no centro.
Nunca pensei foi que os meus intentos fossem levados tão à letra. No número imediatamente em frente à minha porta está nada mais nada menos do que o Rex, um dos bares mais famosos da cidade que chega a reunir para lá de 300 pessoas em êxtase dionisíaco aqui na Via Fiesonala.
E a sensação que isto é? No mesmo minuto em que tiro as pantufas, estou no meio de pessoas a beber e a dançar. Se quiser comprar uma garrafa e pôr-me à janela, tudo bem na mesma. Mantenho as pantufas e o resto é igual.
Florença transformou para sempre a minha vida social. Nunca mais vou querer despender três horas por dia, 1158 horas por ano, em viagens. Habituei-me às batucadas na porta a partir das 23h e à rouquidão dos aspirantes a cantores que todas as noites abrem a goela como se não houvesse amanhã, já me embalam o sono.
Por isso, Bairro Alto, Castelo ou Príncipe Real, contem comigo. É só eu ganhar o Euromilhões e não me escapam.
Fotografias de Ricardo Lopes |
Ah, eu sabia... Meu melhor momento em Lisboa, e sabes disso, foi no Príncipe Real. Não precisas ganhar o Euromilhões, vai. Mas viver longe de onde as coisas acontecem só te faz perder essas coisas.
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