terça-feira, 29 de março de 2011

“O drama, o horror, a tragédia…”

Imaginem que foi o Artur Albarran quem disse esta frase para perceberem a dimensão da coisa.

Quando achei que os meus dias negros em Florença tinham acabado, eis que abro o tampo da (nova) máquina da roupa, no final da lavagem, e todo o chão se enche de água. Com a pressa de acudir a tudo, tropeço no detergente que entretanto tinha mudado de poiso para não morrer afogado e grande parte do pozinho branco espalhou-se pelo chão.

Quando o problema está aparentemente resolvido, vou à janela estender o tapete encharcado e eis que oiço uma voz do além: “São vocês que têm um bebé que começa a chorar à meia-noite não são? Eu não aguento mais, vou chamar a polícia!” “Não, nós somos apenas duas pessoas, estudantes portugueses.” “Perceberam bem o que eu disse? Eu sei que são vocês que têm um bebé e se o barulho voltar, a polícia vem aqui ao prédio.”

E foi assim que num dia em que tudo corria bem, conheci o meu novo vizinho. Ele rendeu-se, deitou-se no chão numa manifestação de desespero. A mim apetece-me gritar, ou quem sabe chorar como um bebé, mas só a partir da meia-noite.

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