quinta-feira, 17 de março de 2011

O que esconde uma pseudo-Prada


Andava a namorá-la desde que cheguei a Itáia, comprei-a sem ter a certeza se era uma boa imitação. Gostava do padrão xadrez. O senhor pediu-me 45€, disse-lhe que não podia pagar mais de 20 além de que teria de ir até ao multibanco. Assim foi.

Pelo caminho, contou-me quem era em duas ou três tiradas. Chama-se Ibrahim, “como o Ibrahimovic”, é senegalês e licenciou-se em Economia e Marketing há quatro anos. Desde então, está em Itália – onde este negócio efervesce em qualquer esquina - a vender malas.

Perguntei-lhe se trabalhava para alguma empresa. Não me respondeu, ficou com medo e desconfiado. Perguntou-me como falava italiano se era portuguesa. Tentou o truque do Ronaldo e do Mourinho ao qual apenas sorri, não sei porquê não me deu para a festarola do costume. Acho que esteve quase a fugir mas o seu sexto sentido deve ter-lhe dito que não valia a pena.

Contei-lhe que era jornalista e que gostaria de fazer uma reportagem sobre pessoas como ele. Assentiu dar-me o número de telemóvel e prometeu-me que se lhe telefonasse poderíamos conversar. Com ele e com outros tantos na mesma situação. Sempre quis saber o que está por detrás deste negócio tão bem organizado. Tenho tantas mas tantas perguntas. Se me responder a metade é bem capaz de sair daqui uma boa história.

Se for assim, 20 euros e uma pseudo-Prada valem infinitamente mais do que qualquer original.

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