segunda-feira, 14 de março de 2011

Saiba o segredo do meu estaminé, a panela que coze batatas também aquece café*

Era menina que bebia cinco cafés por dia, às vezes dois de enfiada. O Nespresso no final do pequeno-almoço e do jantar era ritual quase sagrado. De resto, tinha uma leve preferência pelos Delta mas se fossem Segafredo, Lavazza, Nicola ou Camelo marchavam com igual alegria.

Não me lembro quando comecei a bebê-los mas o hábito adensou-se depois de ter entrado pela primeira vez numa redacção. “Jornalista que não fuma e não bebe café não é jornalista”. Se fosse só isso, metade já cá cantava.

Não era só o café, era todo um ritual. De ir até à máquina com a colega de trabalho comentar as últimas, de passar o Domingo de manhã a ler o jornal na esplanada e a ouvir as conversas dos que por ali passavam. Até o abanar do pacotinho de açúcar antes de o deitar na chávena me dava um certo prazer.

Mas isso era antigamente. Antes de um mísero expresso custar com muita sorte 1€50 e com algum azar 4 euros (4!). Se mantivesse o meu vício gastaria, na melhor das hipóteses, qualquer coisa como 6 euros por dia em pouco mais de 200 ml de líquido castanho-escuro.

Agora só o bebo na rua em dias de festa (os portugueses entendem o quão deprimente isto pode ser) ou quando o desespero pesa mais do que os euros na carteira. A maioria das vezes a razão supera o desejo e o ritual de que falava transforma-se num cenário trágico-cómico.

Tenho um bocadinho de vergonha mas aqui vai a receita: Aqueço a água numa panela de cozer batatas porque não tenho fervedor, deito a água para um copo de 250 ml de vidro transparente porque não tenho chávenas, adiciono ao preparado Nescafé e açúcar. O resultado é qualquer coisa entre a água chilra e o Mokambo, ou seja, um líquido para meninos.

Se me ajudarem, estou capaz de lançar um grupo no Facebook pelo café a 60 cêntimos em Itália. Vá lá, hoje eu, amanhã vocês.

*Calma, tenho consciência que o título é para lá de muito mau. Apenas para terem noção de alguns dos nefastos efeitos secundários da falta de cafeína da boa.

2 comentários:

  1. Cria o grupo que eu assino a participação. E melhor que isso, por que não mexe os pauzinhos para abrir a sua própria cafeteria? Ou trabalhar em uma, como foi o meu caso. Os cafés eram Delta e eu também tomava uma média de cinco por dia - em nove horas de jornada. Saía pronto para correr uma maratona!

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  2. estou tao, mas tao solidária...

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