quarta-feira, 23 de março de 2011

Ser português é...

Acordar em Florença com um sol pela primeira vez suficiente para amornar as costas e só conseguir pensar que se calhar é hoje que o Governo cai. E que não tudo, mas pelo menos alguma coisa muda.

Poder almoçar numa esplanada com sotaque italiano e preferir o bife requentado do dia anterior com a sempre igual massa (às roscas, comprida, curva, sabe tudo ao mesmo) para poder ouvir as notícias da hora de almoço.

Ligar para casa e, antes de saber se pai e mãe estão bem, perguntar como vai o PEC e o que significa exactamente essa coisa do “PS não apresentar um projecto de resolução de apoio”.

Estar a quilómetros de distância e já ter desenhado mentalmente dezenas de possibilidades possíveis. Será que cai mesmo? E se cair, vamos para eleições? E se formos para eleições, temos dinheiro para campanhas? E se não formos, será que o Presidente da República vai criar um Governo de União Nacional? Será mesmo desta que o Sócrates larga o osso?

Preocupar-me. Porque apesar de todas as duras críticas que teço, apesar de não saber bem como vamos dar a volta a esta, apesar de achar que somos encostados, moles, negativos, Portugal é o meu país. E todos os apesar caiem por terra perante isso.

Faço parte daquele grupo de pessoas que o ama incondicionalmente, como a mãe acha o filho lindo mesmo que ele seja feio, use óculos lentes de garrafa e tenha aparelho nos dentes. E porque tenho esperança que mesmo pequenino, Portugal guarde um espacinho para mim. Correr mundo é ter a oportunidade de aprender, absorver, evoluir. Mas estou capaz de dizer que não haverá melhor lugar do que aquele a que podemos chamar nosso.

2 comentários:

  1. Isso porque ainda não conheceste o Brasil! Muahahahahahaah!

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  2. sim senhora... tens toda a razão... e essa escrita está cada vez melhor... parabéns...

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